quarta-feira, 14 de março de 2012


Descoberta animal
Molusco avistado próximo a fontes hidrotermais pode ser uma nova espécie
Fonte: Scientific American
Link: http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/nova_especie_polvo_branco
por Katherine Harmon
Courtesy of Oxford University
Recentes expedições a fontes hidrotermais no fundo do mar perto da Antártida renderam novas e assombrosas imagens de caranguejos yeti de barriga peluda, de uma estrela do mar com sete braços e de um polvo estranhamente pálido – com seus braços curvos envoltos numa pele quase translúcida. Esse molusco, bem como outras descobertas possibilitadas pelos mergulhos, foi documentado por meio de um veículo operado remotamente (VOR) e descrito esta semana na revista PLoS Biology.

"A primeira pesquisa nessas fontes hidrotermais, em particular no Oceano Meridional perto da Antártida, revelou um 'mundo perdido' quente e escuro, onde se desenvolvem comunidades inteiras de organismos marinhos antes desconhecidos”, disse Alex Rogers, professor do departamento de zoologia da Oxford University, que liderou a equipe.

Naturalmente, o polvo – encontrado a 2.394 metros abaixo do nível do mar – não é o primeiro a ser descoberto em águas marinhas profundas ou o primeiro que habita as imediações de fontes hidrotermais. No entanto, ele compartilha a mesma palidez de outros que têm sido observados em profundidades similares. A questão é: Por que essas criaturas, cujos “parentes de águas rasas” são tão famosos por suas extravagantes camuflagens, movem-se pálidos como fantasmas? Como explicou-me Janet Voight, curadora do The Field Museum, em Chicago, os polvos de águas profundas têm pouca necessidade de cor ou camuflagem. Em seus mundos escuros eles provavelmente não são vistos, nem por seus predadores nem por suas presas. Pela mesma razão esses animais geralmente não possuem bolsa de tinta, já que em um território desprovido de luz, não necessitam de tal sofisticada tática visual de fuga. Janet vem observando muitas dessas pálidas criaturas há anos em seu trabalho com o ROV ALVIN e, em 2005, ela até descreveu um verdadeiro "festival de comilança", no qual eram servidos uma dúzia de pálidos polvos (Hydrothermalis vulcanoctopus) a habitantes das imediações de fontes hidrotermais no Oceano Pacífico.
Em sua sala, Janet tem prateleiras e mais prateleiras de polvos de águas profundas preservados em frascos – alguns armazenados individualmente e outros apinhados num só recipiente – recolhidos em suas expedições. Quase todos exibem a mesma ausência de cor. Muitos dos espécimes têm braços curtos e avantajados, e vivem predominantemente na coluna de água gelada das imediações, em vez de habitar o chão, perto das tórridas fendas hidrotermais. 

A equipe que descobriu o novo polvo conseguiu filmar o movimento do molusco: "Os quatro braços traseiros movem-se de um modo que lembra o movimento de esteiras de um tanque de guerra, enquanto os quatro dianteiros vão tateando à frente”, disse Jon Copley, do National Oceanography Center, da University of Southampton, e coautor do novo estudo, à National Geographic. Essa forma de locomoção não é incomum para polvos que estão buscando alimentos. O método, inclusive, faz bastante sentido para um molusco que vive em constante escuridão e que depende do tato para capturar uma refeição. A movimentação, porém, é aparentemente rápida demais para os pesquisadores: "Não conseguimos recolher nenhum espécime – eles são velozes e raros. Mas constituem, muito provavelmente, uma nova espécie", disse Copley.

Até mesmo para cientistas acostumados a formas de vida desconhecidas, o polvo branco e outras criaturas incomuns foram o suficiente para fazê-los refletir. "Essas descobertas são ainda mais evidências da rica diversidade encontrada em todos os oceanos do mundo. Em toda parte que olhamos, sejam recifes de coral em águas tropicais iluminadas pelo sol ou nessas fendas envoltas em eterna escuridão na Antártida, encontramos ecossistemas que precisamos entender e proteger”, ressalta Rogers. 

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